Pensar em um sistema de transporte eficiente, relativamente barato e capaz de não interferir no trânsito de outros meios de locomoção é um dos temas mais recorrentes em discussões que versam sobre mobilidade. Hoje, inclusive, pensar em soluções alternativas ao problema do crescimento acelerado e descontrolado das grandes cidades é um verdadeiro desafio.
E devemos considerar: dispositivos até poucos anos vistos como “exageros da ciência” cabem atualmente em nossos bolsos; saídas inteligentes que deveriam usar os avanços da tecnologia para remediar o caos nos centros urbanos são ainda “o sétimo selo” quando se toca, de alguma forma, no campo das políticas e estratégias de transporte.
Mas e se uma possível solução já estiver em pleno funcionamento? Ainda mais: e se esse fabuloso transportador de passageiros tiver mais de 100 anos? Pois saiba que Henry Palmer, um engenheiro inglês, idealizou em 1824 o que pouco mais tarde se chamaria de “monotrilho” ou “trem suspenso”.
O protótipo
Apesar de ter sido concebido por um inglês, um engenheiro alemão chamado Carl Eugen Langen foi o construtor do primeiro vagão motorizado suspenso do mundo. O protótipo pairou sobre um conglomerado de vilarejos alemães pela primeira vez em 1897 – mais tarde (em 1929), essa região proclamou-se como a conhecida cidade de Wuppertal, localizada na região de Renânia do Norte-Verstfália, às margens do rio Wupper (sul da região de Ruhr).
Notado o sucesso do trem suspenso, a construção de um modelo capaz de transportar pessoas foi finalmente iniciada: de 1898 a 1901, o mestre de obras Wilhem Feldmann conduziu as operações que deram forma ao monotrilho de nome “Wuppertaler Schwebebahn” (que significa, em tradução livre do alemão, “trem suspenso de Wuppertal”).
Curiosidade: em outubro de 1900, um ano antes da conclusão das obras, o imperador alemão William II chegou a dar uma volta de monotrilho durante os ensaios finais que consolidariam o trem como a principal atração da futura cidade de Wuppertal.
O monotrilho hoje
Atualmente, o monotrilho é capaz de transportar 75 mil passageiros por dia (praticamente 25 milhões deles a cada ano). O trem suspenso percorre um trajeto de 13,3 km a uma velocidade média de 60 km/h, fazendo 20 paradas em duas dezenas de estações. Cada vagão mede 24 metros de comprimento e pode carregar até 130 pessoas.
De toda viagem, cerca de 10 km são percorridos sobre o rio Wupper. Isso mesmo, quase todo o trajeto do trem suspenso de Wuppertal proporciona aos passageiros uma visão privilegiada. Quando pairam sobre as águas agarrados ao seu trilho, os vagões ficam a uma altura de 12 metros; em seus 3,3 km restantes, o monotrilho “alça voo” à distância de 8 metros do solo.
Praticamente um encouraçado
Ao contrário do que se pode naturalmente pensar, o monotrilho não passou por grandes períodos de reforma ou interdições nesses últimos 112 anos – mesmo enfrentando duas guerras mundiais, diga-se de passagem.
Durante a Grande Guerra (1914 – 1918), a Alemanha exportou muito contingente masculino, deixando praticamente todos os campos de trabalho nas mãos das mulheres – que não possuíam, na época, habilidades necessariamente adequadas à manutenção do trem suspenso.
Fotos de 1949 tiradas por Charles E. Steinheimer.
Além disso, parte do território em que o monotrilho passava chegou a pertencer, durante o período pós-guerra, aos domínios franceses: todos os passageiros precisavam passar pela alfândega se desejassem seguir viagem – enfrentando, como já é de se esperar, situações políticas bastante tênues.
Estação refeita após a guerra (Charles E. Steinheimer).
A Segunda Grande Guerra (1939 – 1945) quase não foi capaz de dobrar os trilhos do trem suspenso de Wuppertal. Apesar de ter sido bombardeada por aviões e ter sido então danificada, a estrutura do tal meio de transporte alemão resistiu bravamente durante o legado de Hitler. Apenas uma rápida interdição fora feita no final de 1945; em 1946, o monotrilho já operava a todo vapor.
Um elefante circense no vagão?
Em 1950, um circo viajante teve a brilhante ideia de anunciar seus espetáculos usando como placa ambulante um dos vagões do trem suspenso. E como deixar a publicidade ainda mais original? Colocando um elefante de circo dentro do monotrilho, é claro.
E foi precisamente isso o que se fez. Um mamífero gigante de quatro patas pesando toneladas começou então a “desfilar”, preso dentro de um dos vagões, pelo trajeto do trem. Sim, você já pode prever o resultado dessa estratégia publicitária fantástica: o animal começou a ficar agitado devido aos ruídos pouco agradáveis do atrito entre as peças de ferro e pulou do vagão.
Por sorte, o elefante passava por um dos 10 km em que o monotrilho paira sobre o rio Wupper. Depois de esfacelar a porta do trem, o simpático e assustado mascote circense saiu ileso do acidente, uma vez que caiu como... Bom, como um elefante sobre água. Alguns jornalistas que cobriam o evento acabaram se ferindo, mas nenhum deles morreu.
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Assita ao vídeo abaixo e faça um tour por algumas das estações deste fantástico trem que, além de ter resistido a duas Guerras Mundiais, é hoje fonte de inspiração para vários projetos que levam como conceito a ideia originária de Henry Palmer, o projetista inglês do monotrilho.
Desde 1901, ano de sua inauguração, o monotrilho tem se destacado como modelo ótimo de meio de transporte. Pouco espaço em terra é utilizado para instalação das colunas que o sustentam; não há também interferência em outras alternativas de mobilidade – uma vez que os vagões percorrem trilhos que ficam suspensos sobre as ruas. Esse modelo de transporte é hoje adotado por várias cidades mundo afora (Kuala Lumpur, Sydney, Osaka e Tóquio são alguns dos exemplos).
Fonte: http://www.tecmundo.com.br/trem/40297-conheca-o-monotrilho-de-wuppertal-o-primeiro-trem-suspenso-do-mundo.htm#ixzz2W5eOXsCo
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